sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Vigésima-nona noite – A três, noiva e amigo

A três noiva e amigo e começou inocente, como começam [quase] todas as coisas. Sempre quis, eu, você e outra... disse o noivo com muitas reticências e depois de gaguejar quatro vezes. Eieiei nada de machismo – respondeu a noiva mais à vontade do que nunca pensou. Que tal eu, você e outro? O noivo engoliu em seco, molhado e algo nele se ergueu, a imitar pescoço de girafa se não fosse o aperto do forte jeans.

Como tudo concorre quando os astros querem, coincidiu de naqueles dias um ex-namorado estar na cidade - em breve voltaria aos cafundós do Mato Grosso no qual deixara uma noiva também. Alguém conhecido, de confiança e sigilo garantido –até pelo fato de que tinha o que perder.

Ao passar roçando a portinha apertada [quarto do hotel com fachada em neon] e roçando também o ex a noiva sorriu e meio ao sentir que este já se encontrava em estado de absoluta prontidão para a festinha.

Que começou da maneira mais ortodoxa – um rock na micropista de dança – que evoluiu para o mesmo rock, só que com muito pouco além do triangulozinho de poliamida vermelha a cobrir o corpo da jovem.


E evoluiu para a posição mais tradicional – o papai-e-mamãe-em-noite-de-núpcias das diversões a três – um rapaz ajoelhado em uma ponta; outro rapaz ajoelhado em outra ponta; e a rainha, o nexo, o sentido de tudo, a mulher de quatrinho, a agasalhar com sua boca a um e com a suave fenda entre suas coxas ao outro. E os dois mirando de olhos fechados o céu – céu no qual naquele momento já se encontravam.

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