quinta-feira, 24 de março de 2016

Octogésima-quarta noite – Sexo Sem Amor

Imagino uma sala [luxo e cortinas e colchões] com a placa No Love Allowed – coadjuvada e explicada pelo anúncio em português Sem Amor Com Camisinha. No centro, o principal – uma mesa redonda [a forma é fundamental] de madeira muito reforçada [a razão virá logo depois] coberta por um colchão macio damasco [não tenha menor ideia por que essa cor].

Em volta da mesa cavalheiros [altos e baixos, louros e morenos, calvos e cacheados] e nessa diversidade toda só um elemento em comum – os falos muito duros, horizontais, ameaçadores.

Entre a mesa e os cavalheiros, um outro círculo – o das damas: algumas de cinta-liga, ou de vestido arregaçado até umbigo, outras com bermudinhas puxadas aos tornozelos.

Piscando umas para as outras, as damas começam a ação – debruçam-se sobre a mesa. Entre as coxas suaves tiras negras, ou alouradas, ou até arruivadas, surgem.

Os cavalheiros inevitavelmente imitam mais ainda barras de ferro e os doces buracos são penetrados, sem nenhum quede sem sua devida tampa. Olhos reviram e um par de gritos ressoa.

Seguem-se os tradicionalíssimos movimentos de entra e quase sai. Algumas olham para o olhar transtornado de delícia da vizinha.

A um sinal os cavalheiros saem. Tiram plastificação velha, trocam por outra. E penetram a fenda da mulher ao lado – todos trocam de companhia. Mais gritos.

Ali só não se sabe o que é Amor. Talvez alguma marca de refrigerante. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário