Imagino
uma sala [luxo e cortinas e colchões] com a placa No Love Allowed – coadjuvada e explicada pelo anúncio em português Sem Amor Com Camisinha. No centro, o
principal – uma mesa redonda [a forma é fundamental] de madeira muito reforçada
[a razão virá logo depois] coberta por um colchão macio damasco [não tenha
menor ideia por que essa cor].
Em
volta da mesa cavalheiros [altos e baixos, louros e morenos, calvos e cacheados]
e nessa diversidade toda só um elemento em comum – os falos muito duros, horizontais,
ameaçadores.
Entre
a mesa e os cavalheiros, um outro círculo – o das damas: algumas de cinta-liga,
ou de vestido arregaçado até umbigo, outras com bermudinhas puxadas aos
tornozelos.
Piscando
umas para as outras, as damas começam a ação – debruçam-se sobre a mesa. Entre
as coxas suaves tiras negras, ou alouradas, ou até arruivadas, surgem.
Os
cavalheiros inevitavelmente imitam mais ainda barras de ferro e os doces
buracos são penetrados, sem nenhum quede sem sua devida tampa. Olhos reviram e um
par de gritos ressoa.
Seguem-se
os tradicionalíssimos movimentos de entra e quase sai. Algumas olham para o
olhar transtornado de delícia da vizinha.
A um
sinal os cavalheiros saem. Tiram plastificação velha, trocam por outra. E
penetram a fenda da mulher ao lado – todos trocam de companhia. Mais gritos.
Ali
só não se sabe o que é Amor. Talvez alguma
marca de refrigerante.
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