sábado, 5 de março de 2016

Sexagésima-quinta noite – Não te conheci virgem, Carolina Maria

Não te conheci virgem, Carolina Maria, mas me pretendo um cavalheiro, e cavalheiros desconhecem qualquer importância dos números ordinais: o primeiro, o segundo, ou o ser o décimo sétimo – para um cavalheiro [minha cara Carolina] estas ordenações não possuem verdade ou existência. Para mim e para ti [Carolina Maria] existe apenas o amor físico em seu suspenso presente [quase o eterno retorno das religiões mesopotâmicas].

Lembro [Carolina Maria] ou não me lembro [pois o passado enquanto tal não existe] de ti cercada de um lençol de seda cor damasco e a vestir dois brincos de prata e um delicado frescor de Chanel 5. Peguei-te pelos joelhos e afastei-os [e um doce caminho cor de rosa em meio a um bosque negro abriu-se para minha vida]. Ampliei-o mais ainda com minha mão [enquanto tu de lábios entreabertos entoavas uma prece à deusa Afrodite] e mergulhei em tua verdade [mais profunda que a Aletheia dos gregos e de Heidegger] e tive o êxtase [minha linda Carolina Maria] de te fazer um acompanhamento a uivar para a  lua.

Nesse ritual trocamos várias vezes de posição [Carolina Maria] democratas em essência que somos – um por sobre, o outro a suportar impactos. Dissemos confissões bem pouco inteligíveis no ouvido, com o uso de palavras nem sempre delicadas.

E nesse momento [de eterno presente] o passado [cuja existência ponho em dúvida] se esvai, e com ele os numerais, primeiro, segundo e restamos apenas eu, você e o presente [Carolina Maria] sem recuerdos ou simpatias.

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