quarta-feira, 23 de março de 2016

Octogésima-terceira noite – O Dia em que Kant descobriu o amor físico

Immanuel Kant [dizem] no dia seguinte ao dia em que completou vinte e um anos pensou em como salvar o mundo. A primeira questão que veio à sua analítica mente foi se o mundo queria ser salvo. E concluiu que sim. Para logo depois colocar sua resposta em dúvida – deveria salvar o mundo ou a si mesmo? Complexas meditações pelos pântanos nas periferias de Koenigsberg lhe informaram que a segunda parte implicaria a primeira.

Immanuel Kant [então] concluiu que deveria salvar a si mesmo. A segunda questão que se colocou em sua sintética mente é como fazê-lo. Para respondê-la, recorreu a velha tríade. Pensou em salvação pela alma: e anteviu jejuns, joelhos lanhados em oração, meditações sobre diferentes traduções das escrituras. Veio-lhe a salvação pela mente – tratados sobre Aristóteles e Traduções de Erasmo atabalhoariam suas horas e sua biblioteca.

E então Immanuel [aos 21 longe de ser o velho carrancudo das gravuras de enciclopédia] imaginou a salvação pelo corpo. Consequente em tudo, vestiu a melhor roupa, encheu a bolsa de talers de prata e procurou [não sem se informar antes] onde ficava o mais caro lupanar da Prússia Oriental.

E Immanuel Kant [dizem] durante 21 dias [não por coincidência o mesmo numeral de sua idade] mergulhou [tanto metafórica como realmente] no que o mundo tem de mais indecente e maravilhoso. Sobre as jovens e kantianas pernas roçaram outras pernas, de louras alemãs, morenas da Espanha, negras da Núbia.

E Immanuel concluiu que achara a saída. Mas decidiu ser egoísta e guardá-la para si – e dedicou sua vida a escrever livros que dizem aos homens para procurar o sentido em outras coisas e não no amor físico, onde verdadeiramente se encontra.

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