quinta-feira, 17 de março de 2016

Septuagésima-sétima noite – Masturbemo-nos, Carla Regina

Masturbemo-nos, Carla Regina [e o amor não existe]. Existimos nós [lado a lado] e [mais que nós] existem nossas mãos - a trabalhar intensas e rápidas cada um a si e por si.

Solitários a dois [talvez] sozinhos nunca. Roço teu braço no meu – o suor a se tocar e trocar doce, teus olhos entreabertos [o branco dos teus olhos, Carla Regina, a semelhar aos meus].

Tu sonhas comigo, ou com outro, ou com outra, ou com multidão – mas essencialmente consigo mesma, Carla Regina, pois [como diriam os sábios, se sábios realmente o fossem] quem se ama se masturba, Carla Regina – e mesmo quem não se ama deveria começar a fazê-lo.

Nossas pernas [a minha e a tua, Carla Regina] se entrelaçam, a se procurar e encontrar por acaso [cada um a imaginar sem conseguir o que imagina o outro] e assim passam os tempos e tempestades. Roçam nossos pelos e as respirações se promiscuem. Tornamo-nos indecentes [Carla Regina] não pelo que fazemos mas pela mistura ao fazê-lo – cada um a se concentrar em si derrete as barreiras e não consegue distinguir a fronteira para o outro.

Solitários [naves espaciais em universos paralelos] nossas mãos se estendem, cada uma em busca [tanto comovente quanto inglória] do outro. Tua mão sente o movimento forte da minha mão – a tentar sentir sem interferir – e a minha mão faz o mesmo na tua. Tocam [nossas mãos] cada ponto exato [cada sensação do outro].

Vivamos, Carla Regina, e masturbemo-nos [e o amor não existe].

2 comentários:

  1. Sonhos eróticos quem os não tem

    Também escrevi sobre esse tema
    .
    Deixo cumprimentos

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  2. Belissimo... deixei-me levar- Adorei

    Bjocas
    bom final de semana

    Prazeres e carinhos Sexuais

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