Novo
fiel, adorarei o que tens entre as coxas. Adorarei a boceta, racha, periquita,
fenda, buraco, flor, raio-que, o-nome-é-de-somenos.
Novo
sacrílego, seguirei rigorosa liturgia, com a reverência daqueles que creem. Muitos
creem em muitos – deuses, entidades, promessas, escritos e ditados misteriosos.
Novo
herege, eu creio em tua boceta. Quando estou diante dela, esqueço a vida presente,
junto com a vida passada e a vida eterna.
Novo
liturgista, obedecerei a rigorosa precedência, com a seriedade dos fiéis e com
a leveza de coração dos que se sentem perdoados e amparados. Tu te assentarás
em majestoso trono. Eu, humilde, pôr-me-ei de joelhos, como se deve em ocasiões
de contrição. Suplicarei, quebrantado porém esperançoso, que a este humilde adepto
seja concedida a suprema graça.
Novo
remido, a graça me será concedida – tu levantarás o traje ritual [bermuda jeans
ou vestido negro longo, tanto faz] e um último obstáculo apresentar-se-á antes
do Paraíso – a tua calcinha-tanga rosa ou vermelha, os delicados pelos negros a
sobrar. Suplicarei uma segunda vez [o caminho, bem o sei, é árduo e estreito].
Novo
orante, serei arrebatado por tuas mãos, e minha cabeça será puxada para muito
próximo da felicidade que não cessa – minha língua colará nela, e pronunciarei [dificultado
por teus pelos] soneto que fale de amor e seios, e a cada verso serei
recompensado por teus gritos.
Novo
Perdoado, considerar-me-ei [depois da cerimônia] servo grato e indigno, e como o
caminho exige eterna vigilância, suplicarei por mais e mais oportunidades de adoração.
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