domingo, 27 de março de 2016

Octogésima-sétima noite – Adorarei o que tens entre as coxas

Novo fiel, adorarei o que tens entre as coxas. Adorarei a boceta, racha, periquita, fenda, buraco, flor, raio-que, o-nome-é-de-somenos.

Novo sacrílego, seguirei rigorosa liturgia, com a reverência daqueles que creem. Muitos creem em muitos – deuses, entidades, promessas, escritos e ditados misteriosos.

Novo herege, eu creio em tua boceta. Quando estou diante dela, esqueço a vida presente, junto com a vida passada e a vida eterna.

Novo liturgista, obedecerei a rigorosa precedência, com a seriedade dos fiéis e com a leveza de coração dos que se sentem perdoados e amparados. Tu te assentarás em majestoso trono. Eu, humilde, pôr-me-ei de joelhos, como se deve em ocasiões de contrição. Suplicarei, quebrantado porém esperançoso, que a este humilde adepto seja concedida a suprema graça.

Novo remido, a graça me será concedida – tu levantarás o traje ritual [bermuda jeans ou vestido negro longo, tanto faz] e um último obstáculo apresentar-se-á antes do Paraíso – a tua calcinha-tanga rosa ou vermelha, os delicados pelos negros a sobrar. Suplicarei uma segunda vez [o caminho, bem o sei, é árduo e estreito].

Novo orante, serei arrebatado por tuas mãos, e minha cabeça será puxada para muito próximo da felicidade que não cessa – minha língua colará nela, e pronunciarei [dificultado por teus pelos] soneto que fale de amor e seios, e a cada verso serei recompensado por teus gritos.

Novo Perdoado, considerar-me-ei [depois da cerimônia] servo grato e indigno, e como o caminho exige eterna vigilância, suplicarei por mais e mais oportunidades de adoração.

Nenhum comentário:

Postar um comentário