sábado, 26 de março de 2016

Octogésima-sexta noite – Por ti vulgar serei

Por ti vulgar serei [e mais ainda] reescreverei o sentido da palavra vulgaridade. Inexistirão as sex-shops que não visitarei, ou melhor, elas existirão – as mais classudas, as mais família, as mais recomendadas a moças de boa formação – elas para mim serão inexistência.

Por ti comprarei tangas – as menores, e não só as menores – até sua cor será reles, desprovida de qualquer coisa que se possa parecer minimamente com classe. Violetas-chocante, amarelos-escândalo, vermelho-ver-a-quilômetros, rosa-a-parecer-profissional. E nenhuma será inteira – os tecidos chapados serão por mim eleitos coisa-de-virgem: serão elas transparentes, furadinhas, com aberturas no lugar exato – e exaltadas em propagandas ridículas como Naqueles momentos tudo ficará mais fácil. São essas que encherão meu carrinho e guarda-roupa.

Por ti desfilarei por aí com indumentária do tipo Não sou um anjo e esse cara ao meu lado me come e daí. No calçadão os tops começarão muito em cima no peito e as bermudas muito embaixo na cintura – ambas tão apertadas que haverá debates sobre se fazem parte da minha pele. Na areia da praia farei alternância – ou a peça de cima será microscópica ou a de baixo provocará discussões acerca de sua real existência. Estenderei a toalha de praia de cócoras e meu maiô fio-dental atrairá olhares de homens até a Groenlândia. Ou então o sutiã disputará com meus bicos um campeonato de extensão, com vitória nem sempre assegurada.

Por ti serei vulgar, e vulgarmente feliz serei.

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