Por
ti vulgar serei [e mais ainda] reescreverei o sentido da palavra vulgaridade. Inexistirão
as sex-shops que não visitarei, ou
melhor, elas existirão – as mais classudas, as mais família, as mais recomendadas
a moças de boa formação – elas para mim serão inexistência.
Por
ti comprarei tangas – as menores, e não só as menores – até sua cor será reles,
desprovida de qualquer coisa que se possa parecer minimamente com classe. Violetas-chocante,
amarelos-escândalo, vermelho-ver-a-quilômetros, rosa-a-parecer-profissional. E
nenhuma será inteira – os tecidos chapados serão por mim eleitos coisa-de-virgem:
serão elas transparentes, furadinhas, com aberturas no lugar exato – e exaltadas
em propagandas ridículas como Naqueles
momentos tudo ficará mais fácil. São essas que encherão meu carrinho e
guarda-roupa.
Por
ti desfilarei por aí com indumentária do tipo Não sou um anjo e esse cara ao meu lado me come e daí. No calçadão os
tops começarão muito em cima no peito e as bermudas muito embaixo na cintura –
ambas tão apertadas que haverá debates sobre se fazem parte da minha pele. Na
areia da praia farei alternância – ou a peça de cima será microscópica ou a de
baixo provocará discussões acerca de sua real existência. Estenderei a toalha
de praia de cócoras e meu maiô fio-dental atrairá olhares de homens até a Groenlândia.
Ou então o sutiã disputará com meus bicos um campeonato de extensão, com vitória
nem sempre assegurada.
Por
ti serei vulgar, e vulgarmente feliz serei.
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