Dizem
[e talvez não digam inteiramente sem razão] que um dia o poeta Catulo [aborrecido
com a vida, os fétidos becos de Roma e as ameaças de Júlio César] entrou em um
bordel no Trastevere. Pediu um vinho dos mais vagabundos da Etrúria.
Meio
garrafão depois o jovem poeta [25 anos] levantou-se e [os marinheiros do Épiro
e as rameiras da Bitínia sem lhe dar muita atenção] discursou que a vida não
prestava, que os becos de Roma empesteavam o mundo e que Júlio César era um
tirano [recitou Meu desejo de agradá-lo,
César, é muito pequeno/ e nem quero saber se és branco ou moreno]. E acima
de tudo reclamou de Clódia [amor, paixão e vida] que o traía sem traí-lo [Clódia
era casada, com outro]. Comparou-a alternadamente ao arco-íris e ao estrume –
até que desabou de tanto álcool.
Levantou-se
e viu Clódia [ela sorria, entregue e inteira como nunca]. E levou-a aos fundos
do bordel e amou com intensidade. Mas não amou Clódia, e sim uma jovem escrava
de Tarsis, de cabelos enovelados e uma magreza comovente, que não se incomodou
ao ser chamada de Clódia – pois profissionais não se incomodam.
Ao
acordar de manhã [o sol nascia na colina Quirinal e César voltava de outra
guerra] Catulo procurou a bolsa [vazia de dracmas, por gasto e roubo] e voltou
para a domus. Estendeu a folha de
papiro egípcio e começou Vivamos, minha
querida, e amemos/ e as censuras desses velhos tão severos/ não valham para nós
um só centavo – e a posteridade nunca soube que se referia a uma profissional
do amor no Trastevere [como aliás, a posteridade nunca sabe de nada].
Maravilhoso texto!!
ResponderExcluirHoje escrevi, visite-me!
Abraço- http://prazeresecarinhossexuais.blogspot.pt/?zx=e7c3217bdcc84085