quarta-feira, 9 de março de 2016

Sexagésima-nona noite – Duas vezes Sessenta e Nove

Sou ciumenta [nunca dividiria Marlos Roberto com ninguém] e tenho oculta vocação para atriz. Descobri esses dois fatores naquela noite em que saí com Marlos Roberto e minhas amigas Lenilda e Neila e os números meia e nove pareciam nos perseguir: no nome do bar [69 beers ou parecida coisa], no preço das batatas fritas e até nos sete cálices de vinho que entornamos, dos quais um derramou um pouquinho.

Foram esses vinhos que nos subiram à cabeça e lá me deram ideia – que tal passarmos o resto da noite em um motelzinho? Deixei firme que só eu faria algo com Marlos Roberto – o resto seria torcida.

E minhas amigas constituíram boa a torcida – a assistir o espetáculo - em pouco eu e meu noivamante servíamos de cobertor um para o outro – ele cobertor de baixo eu cobertor de cima – ele a fazer explorações com o nariz entre minhas coxas – eu a agasalhar seu falo entre meus lábios de batom gloss red.

E do palco eu [atriz] dava olhadelas à plateia. Em um primeiro momento minhas amigas riam e os olhos duplicavam de tamanho e brilho. Depois, a mão de Lenilda alisava a coxa de Neila, que dava o troco acariciando o pescoço da outra. Depois ainda o sutiã da minha amiga Lenilda já mandara lembranças, e pude apreciar a belíssima cor verde-turquesa da calcinha de Neila. Calcinha essa que em instantes desaparecia, assim como qualquer pano sobre o corpo de Lenilda, e minhas duas amigas [cachorrinhas famintas] lambiam-se sofregamente uma à outra.

Concluí que [não sem alguma crueldade] eu eletrizara minhas amigas, e meu ciúme as forçara a se consolarem como podiam. Foi assim que fizemos a conta 138 = duas vezes 69.

Nenhum comentário:

Postar um comentário