Dizem
[e talvez não digam sem razão] que nos últimos momentos de Pompéia [ou talvez Constantinopla
no dia da queda, ou Pearl Harbor na noite do ataque] um grupo [vendo seu mundo
em iminente desabamento] decidiram se dar uma última festa.
A
densidade no tempo pesava sobre eles [pois os momentos, sabiam, podiam ser os últimos].
No entanto, isso [em vez de lançá-los em preocupações sobre o futuro ou idealizações
do que passou] os encharcou na imensidade do presente. Cada um [mulheres e
homens] pensou como viver os próximos
instantes, sempre únicos.
Se a
pergunta foi individual, a resposta foi coletiva: sem combinarem, sedas
deslizaram, cálices de champanhe [ou vinho] se encheram, falos muito rígidos surgiram
acompanhados por triângulos macios e peludos entre coxas femininas, coadjuvados
por seios fartos ou pequenos, morenos ou róseos, e homens e mulheres ou mulheres
e mulheres se procuraram, desrespeitando a matemática de que tal encontro só
deveria se realizar em pares.
Inusitado
circo, cavaleiras e engolidoras de espadas misturavam-se a carruagens de gente –
gente a respirar, lamber e gritar em êxtase e disparar cálidos jatos brancos
sobre macios ventres e nádegas [lá fora a guerra ou a peste ou o terremoto grassavam].
E
vivendo o presente [em momento por demais sublime para ganhar o tolo nome de
orgia] aquele pedaço da Humanidade derrotou a desgraça [eterna habitante do
ontem ou do amanhã] vivendo a eternidade do instante agora.
Naquele tempo nas festas/orgias penso que não havia champanhe. Havia sim vinho que em jarros de barro era por esses bebido depois de partirem os copos também de barro. Haviam os copos de metal que eram para suas altezas os chefes do reino.
ResponderExcluirGostei do conto. Li com toda a atenção e curiosidade
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( Querendo, visite(m)-me )
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Deixo uma carícia