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> [Gilberte] Posso baixar o nível?
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> [Marcelo] Deve. Vai.
“Marilene
e José Roberto não se amavam. Apesar disso ou por causa, suas epidermes se
colavam à perfeição naquelas vinte e duas horas e quarenta e cinco minutos
daquele dia dois de março. Posição conservadora – José Roberto em cima de Marilene,
esta a fazer campeonato de afastar os tornozelos, como ginasta. A cabeça
levemente arroxeada e de diâmetro incomum parecia a Marilene cutucar-lhe a
entrada do útero, os bagos como um doce metrônomo marcavam com o ritmo de suas
pancadas aquela canção sem melodia – apenas com uma letra de gemidos.
Não
se amavam e consciente e entusiasmadamente não se beijavam – seus rostos
roçavam leves no movimento, as respirações a se misturar – cada um empenhado em
extrair do corpo daquela outra pessoa o máximo de prazer. Marilene desfilava todos
os palavrões que achava que um dia esquecera, José Roberto enterrava o nariz
nos cabelos encaracolados, que lhe pareceram um aroma de cânfora.
Cada
um disposto a fazer valer o máximo possível o momento, Marilene fez o impossível
ao achar espaço entre os dois corpos grudados e a sua mão encontrou as duas
delicadas esferas entre as coxas de José Roberto, a apertá-las até quase
arrebentar. José Roberto dobrou-se como ginasta e conseguiu fazer desaparecer
entre os lábios um dos bicos rosados de Marilene, também sem muito espaço para
a delicadeza. Terminaram também conservadoramente, o homem a desenhar faixas
brancas na barriga e seios da mulher.
Terminaram
elogiando-se de quente e de garanhão – numa declaração de amor pós-moderna.
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